domingo, 28 de março de 2010

Domingo de Ramos

                                      


     O Domingo de Ramos abre por excelência a Semana Santa. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de Davi”, “Salve o Messias”... E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte e morte de cruz.
     O povo o aclama cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galiléia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e econômica  imposta cruelmente pelos romanos naquela época e, religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.
     Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.  
     Por isso, na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos cortes com grande perda de sangue. Só depois de tudo isso que, com palavras é impossível descrever o que Jesus passou por amor a nós, é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.
     O Domingo de Ramos pode ser chamado também de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, nele, a liturgia nos relembra e nos convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: ‘“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai’ (Fl 2, 11).  


Evangelho: (Lc 19, 28-40)
Jesus seguiu subindo para Jerusalém. Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos e disse: "Ide ao povoado que está em frente. Entrando nele, achareis um jumentinho amarrado, que ainda não foi montado por ninguém. Desamarrai-o e trazei-o aqui. E, se alguém vos perguntar: ‘Por que o desamarrais?’ respondereis assim: ‘O Senhor precisa dele’". Os enviados partiram e encontraram tudo como Jesus lhes havia dito. Quando desamarravam o jumentinho, os donos perguntaram: "Por que desamarrais o jumentinho?" Eles responderam: "O Senhor precisa dele". Trouxeram o jumentinho para Jesus e, jogando suas vestes em cima do animal, fizeram Jesus montar. Enquanto ele passava, as pessoas estendiam suas vestes pelo caminho. Já perto de Jerusalém, na descida do monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos começou a louvar alegremente a Deus num grande coro, por todos os milagres que tinham visto, dizendo: "Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu e glória nas alturas". Alguns fariseus disseram-lhe, do meio da multidão: "Mestre, repreende teus discípulos". Jesus respondeu: "Eu vos digo que, se eles se calarem, as pedras gritarão".

COMENTÁRIO

     O Domingo de Ramos é o dia que nos introduz na Semana da Paixão do Senhor. Nesta liturgia temos dois Evangelhos. Optamos por comentar o primeiro, o da bênção dos ramos, onde vemos que uma grande multidão se apresenta vibrante e empunhando ramos de oliveira. Gritam hosanas e aclamam Jesus: "Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!"
     Jesus é um Rei manso, humilde e pacífico, ao contrário dos outros reis que andavam em carros de guerra ou montados em cavalos. Mas ao mesmo tempo ele é forte e firme. Faz justiça devolvendo vida ao povo. E o povo o reconhece como seu Rei, seu Salvador. Por isso, estende seus mantos à sua passagem.: Enquanto o povo gritava "Hosana!" - "Viva! Salva-nos!" os poderosos ficaram preocupados e agitados. A presença de Jesus é sempre uma ameaça para aqueles que vivem às custas do suor do povo. A simples presença de Jesus traz liberdade. Onde Jesus está presente, a opressão está ausente.
     As atividades libertadoras realizadas por aquele chamado de: o Profeta Jesus de Nazaré da Galiléia, desafiam o poder opressor. A vinda do Rei-pobre exige opção, exige uma definição; ou o recusamos ou o aceitamos, não existe meio termo. Esse é o grande desafio. Ficar com o verdadeiro ou com o falso, ficar com o antigo ou aceitar a Nova Aliança.
     Jesus, ao mesmo tempo, é como um sapato confortável e também como aquela pedrinha incômoda que aparece não sabemos de onde. Para estar com ele é preciso abrir mão do poder e assumir o serviço. Não é fácil aceitar e cumprir a proposta do Salvador.
     É dificílima essa decisão, por isso até hoje essa dúvida nos incomoda. Todos aguardavam um rei vingador, e com um enorme número de soldados para exterminar os inimigos do povo. Mas, a decepção é geral, esse Rei se apresenta exigente, sem armas e com propostas de mudanças.
     Mudanças radicais que se trouxermos para os dias de hoje significam abrir mão dos grandes lucros e pensar com mais seriedade nos desempregados, nos aposentados, nos idosos e menores abandonados. O Rei exige preocupação com os enfermos e com os preços abusivos dos remédios.
     Todas essas mudanças exigem muito de cada um de nós. Exigem desprendimento e renúncia; exigem humildade, solidariedade e amor ao próximo. Aderir ao Cristo significa mudar.
     Quem não muda e não assume o compromisso batismal, é como aquele que estende o seu manto e grita "Hosana! Hosana!" e que, em menos de uma semana depois, lá está, no meio da multidão e gritando: "Crucifica-o! Crucifica-o!"
     Os fariseus queriam que os discípulos de Jesus se calassem, pois aquela manifestação atrapalhava seus projetos. Jesus pregava justiça e fraternidade, pregava amor e partilha e isso fazia dele um inimigo mortal. Jesus era uma ameaça para os que viviam às custas dos pobres e oprimidos.
Quase nada mudou de lá para cá, a opressão, a injustiça e a exclusão continuam presentes, e querem tapar nossas bocas. Por isso, não se cale! O mundo precisa conhecer a liberdade que só o Verdadeiro Rei pode trazer. Coragem, grite forte! Não permita que o nome de Jesus seja abafado! Essa verdade precisa ser divulgada. Lembre-se de que se nos calarmos, as pedras gritarão!

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